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Instituto do Coração (InCor) - Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - SP - Brasil
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Hipercolesterolemia

O colesterol total é a soma de subfrações, sendo as mais conhecidas o LDL e o HDL. O LDL tem a capacidade de penetrar na parede do vaso sanguíneo, mas, devido a outros fatores - como o tabaco, que oxida sua molécula, acaba preso na própria parede do vaso, levando à formação da placa aterosclerótica. O HDL parece ter um papel neutro, pois os tratamentos que elevaram a sua concentração não foram capazes de reduzir as taxas de infarto do miocárdio.

A partir da década de 60 do século XX, estabeleceu-se a relação entre os valores elevados de colesterol e as doenças ateroscleróticas - provocadas por obstruções por placas de gordura nas artérias do cérebro, carótida, aorta torácica e abdominal, infarto do miocárdio, doença renal vascular e obstruções das artérias das pernas. Nos últimos 20 anos, também foi visto que essas obstruções são responsáveis pela dificuldade de ereção em homens.

A genética tem sua importância sim, mas devemos lembrar que uma pessoa com histórico familiar de colesterol elevado pode ter valores de colesterol no sangue até bons aos 15, 20 anos de idade. Assim, os outros fatores são tão ou mais importantes para a evolução para doenças relacionadas ao colesterol: o envelhecimento e a dieta (em geral com excesso de calorias).

O papel da dieta não é somente o de reduzir o consumo de gorduras, mas reduzir o consumo de calorias totais por dia, pois mesmo uma dieta à base de carboidratos pode manter o colesterol elevado se houver excesso de calorias, que serão transformadas em colesterol.

Da mesma forma, a atividade física ajuda a consumir o excesso de calorias. Para tanto, é necessário manter a massa muscular e manter um ritmo de atividade que ajude no equilíbrio de energia.

De acordo com os estudos em lípides, a redução do LDL foi capaz de diminuir infarto do miocárdio, morte cardíaca e acidente vascular cerebral. As drogas mais eficazes são as estatinas. Em comparação com outros fármacos, as estatinas REDUZEM MAIS os infartos do miocárdio do que outras medicações, o que foi chamado de efeito pleiotrópico das estatinas. Para comparar, o ezetimiba quando tomado isolado NÃO REDUZ infarto do miocárdio, mas AUMENTA de forma significativa o efeito da rosuvastatina. Os novos inibidores de PCSK9, que são injetáveis e custam no Brasil em torno de R$ 2.000,00 por mês, não são superiores às estatinas em redução absoluta do colesterol. Recentemente, um estudo mostrou aumento de dor muscular em pacientes usando placebo, o que comprova que nem toda dor muscular é realmente intolerância à estatina. Devemos tomar: sim, pois o custo é acessível, reduz mortes e infartos, é fácil de usar.

Quais são as metas? Para pessoas com menos de 39 anos, considera-se que o LDL até 130 mg/dL é adequado. Acima de 40 anos, até 100 mg/dL (é menor PORQUE a partir dos 40 anos começa a ter mais placas de gordura). Em alguns casos, como diabéticos, tabagistas, hipertensos, recomenda-se LDL menor que 70 mg/dL. Para os pacientes que já tiveram infarto do miocárdio, AVC ou já colocaram stents coronários ou ponte de safena, o recomendado é LDL menor que 50 mg/dL.

Há risco de demência, câncer ou outros problemas por colesterol muito baixo? Não, já foi estudado e o colesterol baixo não causa esses problemas. O que houve foi que na década de 80 foi visto que quem tinha câncer tinha o colesterol baixo. Porém, conhecendo como o câncer consome toda a energia disponível para o seu crescimento, o câncer causa o colesterol baixo e não o contrário.